Mostrando postagens com marcador Argentina. Mostrar todas as postagens

Neve Negra


Neve Negra

Filme argentino não decepciona. Há algum tempo venho encantada com o dom dos hermanos de fazer filmes com histórias fantásticas e como as conduzem nas telonas. Os atores, também, nem preciso dizer que são excepcionais. Ao ler os nomes de Leonardo Sbaraglia e Ricardo Darín, entrei na sala do cinema sabendo que sairia mais fã dos dois. Não errei.

"Neve Negra" é a história de dois irmãos, os quais fazem parte de uma família de caçadores, que precisam se encontrar após anos sem nenhum contato, por causa da morte do pai. Salvador, interpretado por Darín, é o irmão mais velho, que vive numa cabana, num ponto alto de um pico nevado e mantém o hábito da família de caçar. Obviamente, por viver isolado e estar quase sempre com uma arma na mão, Salvador tem um ar misterioso e intimidador. A cabana aparenta ser um pouco mal assombrada, mas não se preocupe; não é uma história de fantasmas. 

Quando seu irmão Marcos (Leonardo) chega com a esposa grávida, começa um conflito familiar que, na verdade, foi iniciado anos anos antes. A história se passa no presente com lembranças do passado para construir a narrativa. O desenrolar vai mostrando como cada um chegou em sua atual situação e o porquê do conflito, que dura há tantos anos, que é a morte do irmão mais novo do clã de caçadores. E a medida que os acontecimentos vão ficando claros, a sensação é de incômodo, desajuste e falta de ar. O ambiente branco e o frio claro que está ali, deixa o espectador exausto, pedindo por uma revelação. E ela vem. Nem cedo demais, nem tarde demais; chega na hora certa para liberar a tensão instaurada. 

Não há muita novidade na narrativa e o grande mistério, em determinado ponto, fica bem aparente. No entanto, a atmosfera criada por Martín Hodara, diretor do filme, é excelente e não deixa a desejar em nada. A história é envolvente e grande parte do envolvimento de quem está assistindo é graças a atuação absolutamente fantástica do elenco. Tanto de Leonardo e Ricardo, como a da atriz espanhola Laia Costa, que interpreta a esposa grávida de Marcos e cresce no filme, elevando sua importância numa história que começa muito antes de ela fazer parte da família. 

"Neve Negra" estreou essa quinta-feira, 08/06 e, sem dúvida alguma, é um filme que vale a pena ser assistido no cinema com uma boa companhia, pipoca, refrigerante e um casaco, porque eu sempre tenho a sensação de que a sala fica mais fria quando há tanta neve assim. 

La Vingança


La Vingança

Os homens não crescem. As mulheres apostam no amor. Pelé é melhor que Maradona.

Assim começa a divertida comédia meio brasileira, meio argentina, do diretor estreante Fernando Fraiha (produtor de ‘Reza a Lenda’ e ‘TOC’).

Quando Caco (Felipe Rocha) decide ir atrás de sua namorada Julia (Leandra Leal) para tomar um passo importante em sua vida, acaba flagrando a namorada em um “momento íntimo”, digamos assim, mas tenho certeza de que você entendeu, com o renomado chef argentino: Facundo (Adrian Navarro).

Arrasado, Caco conta com o apoio de seu amigo Vadão (Daniel Furlan), que tem a fabulosa ideia de se vingar dos argentinos, tramando uma viagem para que o seu amigo corno supere o trauma de ser corno de uma maneira bem adulta: pegando todas as mulheres que encontrarem na Argentina. Bem coisa de corno.

Machista! Talvez muitos pensem isso. Mas sabemos que a coisa funciona mais ou menos assim mesmo. A personagem de Leandra Leal (maravilhosa como sempre, mesmo não aparecendo tanto como eu gostaria) fica com o papel de vilã, a megera que partiu o coração do pobre rapaz apaixonado. E tudo que ele passará no filme é culpa dela. Afinal, se ela não tivesse desfrutado da culinária argentina, o moço (corno) não estaria na estrada para se reestabelecer emocionalmente.

Com uma estrada longa até a Argentina, “La Vingança” é um road movie divertido, que arranca risadas fáceis de situações inusitadas e clichês, que já estamos acostumados a enfrentar, pelo menos, a cada vez que tem um jogo de brasileiros contra os hermanos. Uma das coisas mais fantásticas é você perceber a ironia do físico dos “caras” que querem pegar todas as argentinas e do argentino que pega a mulher deles. (Argentina na frente.)

Além disso, destaque para Daniel Furlan, que me fez rir, mais uma vez, com suas caras e performance, sem precisar de muita caricatura. Ele é carismático de um jeito que não dá para explicar, mesmo num personagem machista e sem noção. De contraponto, o personagem de Felipe Rocha parece ser aquele cara que sabe que não tem muito a receber da vida, o verdadeiro loser. Então, com um pouco dos dois, “La Vingança” encontra o tom certo para não ser apelativo demais ou chato demais. A amizade dos dois é divertida e merece um destaque na trama, de um cada aceitando o outro como é. (Pode acontecer um desentendimento aqui e outro ali, mas que amizade não tem disso?)

Comédia despretensiosa, sem noção, divertida e cheia de aventuras inesperadas (bem loucas mesmo) e com um final merecido. A vontade, após assistir ao filme, é colocar o pé na estrada e ir conhecer o que a Argentina tem de melhor. Não disse o que.

“La Vingança” estreia hoje, 16/03 e vale a pena as pipoquinhas presas na garganta na hora da risada, o refrigerante para ajudar a não engasgar e, é claro, o ingresso.