A Vigilante do Amanhã
Pense em um futuro onde as
cidades serão invadidas por tecnologia. Poderia ser hoje, se você chegar numa
grande metrópole onde tem aqueles prédios enormes com fachadas coloridas por
suas telas brilhantes, cheias de informações. Mas isso não é nem metade do que
é apresentado em “A Vigilante do Amanhã”. A cidade tem tanta informação visual
/ virtual, que eu fiquei incomodada de imaginar que esse é o rumo que estamos
tomando. Se reclamam da poluição virtual dos outdoors, imagina a realidade que
nos é apresentada nesse filme com hologramas gigantes. É de enlouquecer
qualquer mente humana. Humana, sim. Porque para completar a insanidade do cenário,
as pessoas possuem aperfeiçoamento robótico. Como é isso? Os seres humanos ganham
detalhes “mecânicos” em seus corpos.
O filme de Rupert Sanders é
baseado no mangá homônimo de Mesamune Shirow (lançado entre 1989-1990), que já
teve um anime lançado em 1995. Não li e nem assisti, mas procurei informações
sobre ambos e descobri que do mangá para o anime houve mudanças. Não me
surpreenderia se dissessem que houve mais mudanças ainda do anime para o live-action
hollywoodiano.
A escolha de Scarlett Johansson
para interpretação da personagem principal, Major Mira Killian, rendeu
problematização, já que é uma atriz branca, fazendo um papel que, claramente,
deveria ser de uma atriz oriental. No entanto, pela premissa utilizada no
filme, eu achei justificável. O talento de Scarlett, ao meu ver, é
inquestionável. A vida que ela dá à personagem e às suas cenas de luta, o seu
questionamento pessoal, são completamente convincentes. Não trocaria ela por
nenhuma outra, apesar de ter muitas atrizes orientais tão fantásticas quanto
Scarlett. Além do mais, o elenco tem atores de diversas etnias, o que é bom
para mostrar a importância da diversidade nas telas de cinema.
A trama principal do filme é a busca
de Major para saber quem ela é. Com um corpo robótico e uma mente humana, ela
sente a necessidade de descobrir quem era antes de se tornar aquilo. Tem uma
cena em que ela entra em contato com um ser humano, que é muito boa! De
emocionar mesmo. Conseguimos sentir a angústia da personagem em precisar se
entender para poder se encaixar. Major trabalha para o Setor 9, que combate o
crime, se colocando em risco e assumindo
seu papel de heroína para conseguir capturar um hacker e resolver seus
problemas de um cérebro com emoções altamente humanas. “Não somos definidos por
nossas lembranças. O que fazemos é o que nos define.” Essa frase é dita em dois
momentos do filme e deixa clara a intenção da história. Enquanto isso, Kuzer (interpretado
por Michael Pitt, que sempre atua muito bem), o hacker que Major está em busca,
comete ataques cibernéticos terroristas, hackeando sistemas e atacando a corporação
Hanka, que desenvolve ciborgues no estilo de Major (ela é a primeira nessa
condição de corpo robótico x cérebro humano).
O visual do filme é surpreendente,
o que me faz reforçar a necessidade de recomendar que é um filme para ser
assistido em uma das salas que trazem maior resolução de tela (pode apostar no
3D) e maior potência de som. A trilha sonora me encantou. Em alguns momentos
até me lembrou a da série “Hannibal”, que é uma das minhas favoritas. O
trabalho que foi feito no visual desse filme deverá colher bons frutos e
reconhecimento, porque são inegáveis.
A busca de Major se tornou um
filme muito bom e que certamente levará muitas pessoas à procura do anime e do
mangá. Eu, inclusive. Fiquei ainda mais interessada quando li que ele foi uma
das inspirações das irmãs Wachowski para “Matrix”.
“A Vigilante do Amanhã” estreia
hoje, 30/03 e está mais do que recomendado. O combo da pipoca e do refrigerante
vale a pena, principalmente por ser um filme de ação, que realmente tem ação. E
todo filme do gênero eu acho que necessita de pipoca para relaxar. Filmão.