Fragmentado
M. Night Shyamalan tem filmes
amados e odiados em sua filmografia, o que é normal até aí. “O Sexto Sentido”,
por exemplo, tem um plot twist que
sempre é citado como um dos melhores da história do cinema. Não é para menos. O
filme surpreende mesmo. Logo depois, ele dirigiu “Corpo Fechado”. Apesar de não
ter assistido, vi que teve uma boa aceitação. Também teve “Sinais” e “A Vila”,
que ajudaram a aumentar o fã clube do diretor. Depois, sua carreira se perdeu
um pouco com alguns filmes que tiveram uma péssima recepção, como “A Dama na
Água” e “O Último Mestre do Ar”. Ele continuou fazendo alguns filmes que não emplacaram,
mas retornou com “A Visita”, ficando por cima e agora com “Fragmentado”.
O novo longa de Shyamalan apresenta
Kevin, um cara que tem 23 personalidades distintas, que podem emergir a
qualquer momento. Ele sequestra três adolescentes em um estacionamento. O
motivo do sequestro, a princípio, é complicado de dizer. Enquanto mantém as
garotas em cativeiro, suas personalidades vão sendo apresentadas e causando
estranhamento para as vítimas. O ponto em comum entre todas essas
personalidades, é que todas têm conhecimento sobre “a Fera”. Acompanhando a insanidade, até então
controlada, de Kevin, tem a Dra. Fletcher, uma psiquiatra que tenta tratar seus
pacientes da melhor forma possível, ajudando e encorajando eles a viverem suas
vidas de forma normal. Ela acredita que, de certa forma, eles são especiais.
O clima do filme é tenso o tempo
todo. Um dos maiores motivos, é porque não tem como saber o que esperar de
Kevin. Quando a porta do quarto, aonde as adolescentes estão, abre, é
impossível saber quem vai passar por ali. Quando ele está em consulta com Dra.
Fletcher, há uma preocupação angustiante do que pode sair dali. A trilha sonora
casa perfeitamente bem com a ambientação. E há um jogo de câmera fantástico. “Fragmentado”
começa lento e continua nesse ritmo quase até o final, mas sem parar de
surpreender e de atiçar a curiosidade de quem está assistindo.
Desviando do spoiler, mas dando
uma dica, o final chega com uma grande referência ao filme “Corpo Fechado”. É
como se houvesse dois finais: um para quem não assistiu e o outro para quem
assistiu. Porque o que acontece, que faz a ligação entre os filmes, obviamente,
só vai entender quem já viu o filme de Bruce Willis. No entanto, não precisa se
preocupar. Eu, que ainda não vi o filme anterior, captei o que pude. Quero
assistir agora para entender os segundos finais e me preparar para o próximo
filme. Como não entendi o finalzinho, conversando com outras pessoas, descobri
que a pretensão de Shyamalan é fazer uma trilogia. Mas a trilogia não é
contínua, apesar de um filme se ligar com outro. Muito mais por causa do tema,
do que pela história em si.
E, antes de encerrar a crítica,
preciso falar sobre as atuações de James McAvoy e Anya Taylor-Joy; os dois
estão impecáveis. James então, sem se fala. Ele consegue construir diversos
personagens, inclusive, vários em uma cena só, sem deixar uma atuação apelativa
e caricata. Ele é PERFEITO. O garotinho de 9 anos, que ele interpreta, Hedwig,
é um dos personagens mais cativantes que o filme apresenta. Casey, personagem
de Anya, tem uma intensidade que coube muito bem a ela. Eu não consigo pensar
em mais ninguém no lugar dos dois, que faria tão bem assim.
M. Night Shyamalan está de volta
e pelo visto voltou com sede de ficar por cima, porque ele, realmente, não
brincou em serviço. O longa tem aproximadamente duas horas e nessas duas horas
você estará ligado em tudo. Não vai nem piscar.
“Fragmentado” estreia hoje, 23 de
março, e vale o ingresso, os dois sacos de pipoca que você vai querer ter na
mão para mastigar de nervoso, o refrigerante, os olhos arregalados e a tensão.
Se você soltar algum xingamento em voz alta, na sala de cinema, não precisa se
preocupar, é compreensível.
GENIAL!