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Jogo Perigoso


Apesar da Netflix me afogar numa maré de decepções por conta dos cancelamentos de algumas de suas séries originais, não posso ser injusta e me negar a assistir ao conteúdo próprio do canal de streaming. A qualidade de seus filmes e séries é inquestionável, sendo assim, a Netflix entrega filmes dignos de serem vistos e revistos. Esse é mais um caso.
Entrando na onda da vez, o mais novo longa que o canal disponibilizou para o público, na última sexta-feira (29/09), foi “Jogo Perigoso”, baseado no livro homônimo de Stephen King, lançado em 1992. Como gosto de ler depois que assisto a um filme ou uma série a opinião do público, vi que para quem gosta da narrativa de King, “Jogo Perigoso” se tornou a melhor adaptação do autor norte americano. Após “IT: A Coisa” ter se tornado o filme de terror mais lucrativo da história e “Torre Negra” ter ficado a desejar, a nova adaptação faz jus à fama de King ser um gênio do terror e envolve o espectador em seu suspense psicológico.
Jessie e Gerald são casados e desejam apimentar a relação. Para isso, viajam para uma casa afastada da cidade aonde podem iniciar jogos sexuais sem incomodar ninguém. O que parece ser o início de uma história erótica e de fetiches, se torna um pesadelo. Gerald, após algemar Jessie na cama, enfarta e deixa a esposa presa, sem conseguir sair da cama para chamar socorro ou leva-lo a uma emergência. Sem conseguir achar uma saída para seu problema, Jessie passa a ter alucinações, revive traumas do passado e precisa lidar com um cachorro faminto e uma pessoa escondida na escuridão.
Tenho um certo problema com lugares fechados e em me sentir presa. Pode ser uma claustrofobia leve, porque sei que tem gente que não consegue de forma alguma e eu ainda entro num elevador, encaro uma multidão… enfim. No entanto, ao ver aquela mulher algemada, sem nenhuma previsão de quando seria socorrida, me sufocou! Foi uma experiência perturbadora, porque sempre comentei que essas fantasias de prender poderiam acabar mal. Nunca tinha lido ou ouvido falar desse livro, não comento nem do filme por ser recente, e não sei se fico feliz ou triste por ter uma mente que chegou a 1% da mente de King. Mas trama é passada quase que o tempo todo dentro do quarto, o que aumenta a atmosfera claustrofóbica.
O desenrolar da trama é envolvente, porque o espectador consegue encaixar as peças e entender tudo o que está acontecendo. Não fica nenhuma ponta solta, ponto para o diretor Mike Flanagan (Ouija: Origem do Mal), que também participou do roteiro de Jeff Howard. Mike consegue transmitir em seus filmes uma tensão na medida certa, sem apelos. Juntando isso a uma atriz, Carla Gugino, que leva o filme praticamente sozinha e com uma competência absurda, “Jogo Perigoso” só peca ao deixar as grandes explicações para a personagem narrar, de vez, no fim. Contudo, não prejudica o desfecho. A cena final é arrebatadora. Para quem capta a essência do filme, não há queixas. Um excelente filme para ser assistido em um fim de semana caseiro com o balde de pipoca e um litro de refrigerante ao lado. Para quem gosta de King, mais uma adaptação de sucesso!
Publicado originalmente aqui.

IT - A Coisa


IT – A Coisa

Stephen King já escreveu mais de 80 livros, entre eles, os famosos “Carrie – A Estranha”, “O Iluminado”, “Misey – Louca Obsessão”, “A Torre Negra” e “À Espera de Um Milagre”. Esses que citei, inclusive, já ganharam sua versão cinematográfica. “It – A Coisa” já teve uma adaptação anteriormente. Foi uma série para TV, dividida em duas partes, que chegou ao Brasil como o filme “IT: Uma Obra-Prima do Medo”, com Tim Curry dando vida ao personagem principal. Pennywise dessa vez é interpretado por Bill Skarsgård e consegue ser muito mais assustador do que o de Tim Curry. No entanto, isso não é uma disputa, vamos focar no filme.

O longa começa com a morte de Georgie Denbrough, no fim década de 80, que sai para brincar com um barquinho e acaba se tornando uma das vítimas do palhaço macabro. Com o desaparecimento da criança, a cidade de Derry ganha toque de recolher e mais crianças continuam desaparecendo misteriosamente. O irmão de Georgie, Bill Denbrough e seus amigos, que formam o Clube dos Perdedores (The Loser’s Club), entram de férias da escola e vão investigar o possível lugar para onde essas crianças podem ter sido levadas.

O problema é que Pennywise tem o poder de se transformar em tudo o que as pessoas têm medo. Para conseguir atrair as crianças com mais facilidade, ele se apresenta como palhaço, mas para conseguir se alimentar delas, ele ganha as formas necessárias para deixar as presas paralisadas.

O filme do diretor Andy Muschietti (Mama) tem referências a “Stranger Things”, “Conta Comigo” e “Os Gonnies”. A atmosfera dos anos 80 é marcante, e apesar de não ser um filme que provoca sustos o tempo todo, além de divertir bastante, arrancando risada do público, o clima que toma conta das pouco mais de duas horas de filme, é de medo e revolta. Além do próprio Pennywise, as crianças enfrentam situações horríveis como bullying, racismo, abusos sexuais e psicológicos. A realidade é mais assustadora do que qualquer "Coisa". Contudo, descobrem que se encararem tudo isso juntos, eles vencem. “IT – A Coisa” é muito mais do que um simples filme de terror, é um filme que mostra a realidade de muitas pessoas e como elas amadurecem diante das dificuldades e, principalmente, como é importante ter com quem contar.

Com a promessa de uma continuação, “IT – A Coisa” é uma excelente adaptação da obra do genial Stephen King. Tem um elenco afinado e crianças que trabalham tão bem, que são capazes de causar inveja a adultos ditos “atores”. Por sinal, o personagem Richie Tozier é interpretado por Finn Wolfhard, o Mike Wheeler de “Stranger Things”. O alívio cômico do personagem para o filme é sensacional. Impossível não rir com aquele garotinho, com os óculos fundo de garrafa, todo mirrado, pagando de gostosão.

Bill Skarsgård, integrante da bela família Skarsgård, está primoroso como A Coisa. Até a maneira como ele fala, está de arrepiar. E isso é tão bom, que apesar de ter cenas que certamente as pessoas levarão sustos, o filme não precisa apelar. Pennywise provoca medo por si só. O tom de voz ao tentar ser um palhaço alegre, com aquela figura bizarra e uma boca molhada, parecendo salivar pelas crianças é de arrepiar o couro cabeludo de qualquer um.

“IT – A Coisa” estreia no feriado de 7 de setembro para que ninguém escape dele. Stephen King tem o dom de criar criaturas apavorantes. Se eu pudesse escolher um lugar “impossível” para passear, seria a mente dele, porque eu não consigo entender de onde o cara tira essas coisas tenebrosas e as transforma em coisas geniais. Vale o ingresso, o combo da pipoca e, para os mais apavorados, os sonhos com Pennywise.

A Torre Negra


A Torre Negra

Filme baseado na obra literária de Stephen King, finalmente chega aos cinemas. No entanto, a obra ficou a desejar. Quando tem o nome de King no meio, o público espera algo sombrio, apavorante. “A Torre Negra” foge disso.

A história gira em torno de Jake Chambers (Tom Taylor), um garoto que tem sonhos com um Pistoleiro (Idris Elba) e o sombrio Homem de Preto (Matthew McConaughey). Apesar de contar os sonhos e desenhá-los, Jake não tem o apoio da mãe e do padrasto, que acabam por internar o garoto. Tudo indica que ele está traumatizado. No entanto, Jake vai parar em outro mundo e fica com um pé em cada um.

É uma premissa excelente, com a cara da imaginação única de King. Contudo, o longa não entrega todo o potencial que poderia ter e parece mais uma sessão da tarde, cheia de efeitos. Não se pode dizer que seja um filme ruim, porque de fato não é, mas não cumpre a expectativa da grandiosidade que a fantasia pode levar para as telas.

Tem diversão e boas atuações. Apesar de acharem Matthew caricato, a atuação dele é boa. Pode ser que para quem tenha lido os livros, ele, assim como o filme, tenha ficado devedor, mas para quem não leu, o que aparenta é que ele entrega exatamente o que o filme pede. O personagem de Idris, que deu o que falar, já que no livro tem características físicas diferentes do ator, tem carisma, apesar de ser um homem sério.

O diretor Nikolaj Arcel peca em não ousar e permanece na sua zona de conforto ao criar um filme esquecível, que passará antes da novela reprisada das tardes. Como são sete livros, pode ser que não venha a ter mais nenhuma adaptação, já que está sendo um sucesso... em críticas negativas. Uma pena!

King é tão adaptado para os cinemas, mas nem sempre os roteiristas e diretores acertam. A esperança desse ano está com a nova versão de “It: A Coisa”, que estreará em setembro.

“A Torre Negra” estreia hoje, 24 de agosto e vale a pena ser visto de forma despretensiosa, apenas por entretenimento puro. Não espere nada grandioso e sua versão estará garantida. A pipoca e o refrigerante são bons, porque pode dar, ainda mais, aquela sensação de Sessão da Tarde.