Mulher Maravilha
Vou dizer sem dó, nem piedade: o melhor filme de super herói que assisti até hoje, dessa nova leva! Não vou entrar em detalhes de que eu gostei, sim de "Batman V Superman" e de "Esquadrão Suicida", de que sou fã do trabalho de Snyder e que acho o Universo DC fantástico. "Mulher Maravilha" é um trabalho de mestres, construído minuciosamente.
A heroína, que apareceu anteriormente, em uma breve participação no filme "Batman V Superman", tem o seu primeiro filme solo, dirigido por Patty Jenkins. O roteiro é de Allan Heinberg, que assina a criação da ideia original junto com Jason Fuchs e... ele mesmo: Zack Snyder, que também está entre os produtores.
O longa apresenta Diana, ainda criança, em sua terra Themyscira, que é povoada por mulheres guerreiras. Encantada por aqueles mulheres e como elas lutam tão bem, Diana deseja ser igual a elas, apesar da proteção de sua mãe, a rainha Hipólita (Connie Nielsen). Sua tia Antíope (Robin Wright) a ajuda, secretamente, a realizar seu sonho de ser treinada e se tornar uma amazona. A história da origem dessas mulheres é apresentada de forma rápida e eficiente, sem permitir que o filme se arraste em longas explicações.
A passagem de tempo é feita na medida certa e quando Diana já está crescida, um acidente com Steve Trevor (Chris Pine) acontece, fazendo com que a vida da princesa seja levada para outro contexto. Da pacata Themyscira, a trama vai para a Primeira Guerra Mundial. No caminho entre um mundo e outro, a narrativa mostra com mais clareza o poder de Diana, assim como o motivo de sua mãe ser contra a sua ida, a inocência e carisma da personagem principal e a relação dela com Trevor. Tudo feito de uma forma simples, com diálogos bem construídos, humor e leveza.
A chegada de Diana num mundo onde o papel da mulher não é nada além de servir aos homens, mal tendo o direito ao voto, tem críticas ao machismo, mas de uma forma que até o homem mais machista vai aplaudir. Críticas, na maioria das vezes, não precisa ser um grito. Um artifício bem humorado atinge muito mais do que quando é uma "briga", mas não é menos eficaz ou explícito por isso.
No mundo dos homens, Diana conhece alguns personagens e a relação que ela constrói com eles é feita com tanta naturalidade, que parece que eles se conhecem há anos. É fácil de ser conquistado pela heroína. As cenas durante a guerra são maravilhosas. A força, garra e determinação de Diana são contagiantes e parecem dar um significado maior a tudo aquilo. Se não é significado, é emoção. Porque é de arrepiar.
Há uma mensagem no filme, assim como em qualquer outro. Talvez, seja a parte mais fraca do longa, mas que não deixa de casar com o contexto. Diana aprende com o vilão Ares sobre a humanidade. No entanto, não é só Ares que tem algo para mostrar a guerreira. Nesse momento, acontece aquele drama que estamos acostumados, com uma grande lição e tal. O romance entre ela e Trevor, confesso, também não era algo que eu queria ver explorado. Acho que isso poderia diminuir um pouco a grandeza da heroína, mas isso não acontece. Ao contrário! Ainda bem. Não posso detalhar por motivos de spoiler.
As cenas de luta são muito bem dirigidas e coordenadas. As explosões e efeitos estão orquestrados dentro do filme, que dispõe de fôlego e ritmo para tudo que é apresentado. Não há excessos e nem faltas. Patty Jekins dirigiu o filme com grandeza e deixou tudo na medida que precisava. O tom dark que a DC vinha usando em seus filmes, deu lugar a um tom mitológico, mais fantasioso, que poderá ser levado para o lado mais sombrio em "Liga da Justiça". Há muita coisa para desenvolver no próximo filme.
Pontos altos para Gal Gadot. Uma atriz que eu conhecia quase nada. Para ser sincera, nem lembrava direito dela em "Velozes e Furiosos", mas que conseguiu chamar a atenção do público e deixar todo mundo aos seus pés. Não consigo pensar em outro nome para dar vida à Diana.A química dela com Chris também é louvável. Os atores fizeram um trabalho respeitável e admirável.
No entanto, enquanto esperamos pelo próximo filme de herói, que será do "Homem-Aranha", podemos desfrutar de uma história que foi criticada antes mesmo de começar a ser filmada, mas que surpreendeu muitos mundo a fora.
"Mulher Maravilha" é o fôlego que o cinema precisava para mostrar que os filmes de heróis podem conter muito mais do universo feminino sem precisar de uma delicadeza que se associa à mulher. Com as críticas positivas ao filme, espero que "Capitã Marvel", que será interpretada por Brie Larson, seja mais um avanço ao espaço que Diana Prince conseguiu abrir sem pedir licença.
"Mulher Maravilha" estreia dia 1 de junho e MERECE ser visto várias vezes. Vale muito mais do que o ingresso, a pipoca, o refrigerante e o lanche. O filme vale porque é MARAVILHOSO do início ao fim. E não poderia ser menos do que isso.
Um hino!