Real: O Plano por Trás da História


Real – O Plano por Trás da História

O ano é 1993, o mês é maio, o presidente em exercício é Itamar Franco, após o impeachment de Collor, e o Ministro da Fazenda é Fernando Henrique Cardoso. O Brasil é tomado pela hiperinflação, após vários planos econômicos não darem certo. A Crise Econômica está declarada. A partir daí, um grupo econômico é formado e protegido em um bunker, tem a missão de reformar o Estado e salvar o país. É quando surge o “Plano Real”.

O filme não é uma aula de história detalhada, muito menos de economia. Ao contrário! Muita coisa técnica eu não entendi e continuei sem entender. Não vá ao cinema achando que irá esclarecer dúvidas econômicas, talvez até, você saia com mais dúvidas na cabeça. Preciso encontrar um economista paciente que me explique detalhadamente, como um “cara” faz no filme, usando “saco de batatas” como exemplo.

A base para “Real” é o economista Gustavo Franco, interpretado por Emílio Orciollo Neto. O homem que começa como professor universitário e chega à presidência do Banco Central, destila arrogância, mas acaba por ganhar o público por ser uma espécie de anti-herói. Toda sua frieza e ganância tem o objetivo de levar o país para frente. Ou não. É só proteção de ego mesmo.

O jeito como a trama se forma é atraente, porque constrói um personagem e um plano que precisam dar certo. No caminho de Gustavo Franco há concorrência e inimigos que, por mais que pareçam certos em alguns momentos, não ganham a simpatia do público. O “malvado favorito” já está marcado desde o início.

A maior percepção ao longo do filme é que, por mais que pareça que seja para um fim maior, a política brasileira está nas mãos de homens egocêntricos, que precisam levar suas ideias para frente e fazer com quem dêm certo a qualquer custo. Não porque é o melhor para o povo, mas porque acertar é mais necessário do que qualquer outra coisa. É lamentável.

A fotografia do filme é impecável e Brasília, coitada, mostra a sua beleza que fica tão ocultada por trás de tanta sujeira e corrupção. É bom ver as paisagens da capital brasileira na tela do cinema e pensar que o Distrito Federal é mais do que estamos vendo, todos os dias, na TV.

A atuação de Emílio é impecável. Principalmente nas cenas da entrevista em que contracena com Cássia Kis, que interpreta a jornalista fictícia Valéria Vilela. Além de Cássia, outra atriz que engradece o grande elenco é Mariana Lima. Juliano Cazarré e Guilherme Weber também fazem um trabalho muito bom ao interpretarem personagens que quase sempre se opõem às ideias do protagonista.

Dizer que “Real” tem um partido é ser muito sujo ou não ter entendido nada do filme. Me arrisco a dizer que o filme te deixa só mais enjoado com toda a situação do país. Caso tenha sido eu a “inocente” que achou o filme do diretor Rodrigo Bittencourt “neutro”, pelo menos não saí da sala de cinema defendendo nenhum partido. Como li uma vez nas redes sociais da vida: “em questão de corrupção, o Brasil é ambidestro”.

“Real: O Plano por Trás da História” é baseado no livro “3.000 Dias de Bunker – Um Plano na Cabeça e Um País na Mão”, de Guilherme Fiuza e estreou ontem, quinta-feira, 25 de maio. Merece ser visto, porque é importante conhecer um pouco mais da história do nosso país e sair em busca de amis informação para entender melhor o nosso triste cenário atual. Acho importante esse tipo de filme, porque se a pessoa não “acabar” ali, pode conhecer muito mais. Vale a pipoca, o refrigerante, se você não pensar nos impostos que estão ali. Vale o ingresso do cinema, se você não pensar em quantas outras coisas você poderia fazer com aquele dinheiro, se os valores no nosso país fossem justos. E vale a pena a indignação por sermos feitos de trouxas, todos os dias.

Acima de tudo, vale a pena uma possível mudança de comportamento.

Será?

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