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Meu Deus, Mas que Cidade Linda


Sabe aqueles livros que você não sabe o que esperar, mas mesmo assim se aventura? Meu caso com o livro de Rodolfo Melo foi exatamente esse. Após um bate-papo curto, através de e-mails com o simpático autor, não quis ler a sinopse. Tenho dessas coisas. Às vezes, gosto de começar algo do zero para não criar expectativas.
Quando comecei, vi que era um livro de contos. Sou viciada em contos. Já estava aí, um ponto positivo. Então, comecei a ler e tive uma surpresa. O primeiro conto, “Um Crime no Condomínio”, já foi um soco na boca do estômago. É o tipo de história que te revolta, te emociona e que te faz querer mudar o mundo.
Achei maravilhoso. Queria postar nas redes sociais para que as pessoas lessem e entendessem o recado por trás da ficção. Ora bolas! Existe ficção nessa vida? No caso desse livro, toda a ficção grita a sua realidade, muitas vezes, cruel. Tenho o costume de ler com mais intensidade nas madrugadas. Confesso que quando acabava um conto, eu não ia dormir direito. Era um tempinho chocada, maravilhada e pensativa, depois, um tempinho para digerir.
Não vou detalhar os textos do autor, são 19 ao todo, porque quero dar a chance de você, que vai ler, ser tão surpreendido como eu. Em cada página, eu que sou apaixonada por audiovisual, já criava as cenas para uma série na cabeça: cada conto, um episódio. Quem sabe não levemos isso para a prática?! O cenário de cada trama, é a belíssima Brasília. Um lugar que há tempos não conseguimos extrair algo que não seja a política vergonhosa. E olha que há um conto (Café com Leite) que envolve um deputado malandro, bem com a cara da Câmara dos Deputados do nosso país.
Os contos de Rodolfo Melo são ácidos e podem causar mal-estar àqueles que não estão acostumados com uma leitura mais violenta. Não se engane achando que a violência é aquela que deixa o sangue escorrer pelas páginas e molhar as mãos do leitor. Tem essa, também. Mas a maior violência ali, é você identificar momentos que vive no dia a dia e sentimentos que podem despertar dentro de você a qualquer minuto. A solidão, o medo, o amor, a revolta, o preconceito, o racismo, a ganância, a opressão e tantos outros.
No conto “O Poeta Que Não Amava Ninguém”, tem escrito o seguinte:
“Porém, não sabia ele que o destino é um escritor meticuloso, inspirado no caos, para definir o roteiro vital da humanidade. E, por mero capricho literário, não manda sinais sobre sua obra para não estragar seus finais surpreendentes.”
Me pergunto se, nesse caso, o “destino” tem o nome de Rodolfo Melo e nos surpreende em cada final de seus contos maravilhosos.
“Meu Deus, Mas que Cidade Linda” é um livro que entrou para minha estante e que, vez ou outra, eu voltarei a ler para enaltecer as histórias que estão ali dentro. As ilustrações da Capital do Cerrado são lindas!
A literatura nacional de contos é genial e precisa ser levada para o grande público. Não podemos deixar autores brilhantes engavetados ou no anonimato. Esses nomes necessitam e, mais do que isso, merecem ser divulgados.
Esse é o segundo livro do autor, que surpreendentemente não é de humanas! Rodolfo é formado em Pedagogia e Matemática. O primeiro, “Contos de Amor e Ódio”, de 2013, também reúne contos. E eu já estou louca para ler!
“Meu Deus, Mas que Cidade Linda”, tem 144 páginas e é da Editora 42.
Publicado originalmente aqui.

Segredos Confessáveis


Todo mundo é um poço sem fundo de segredos. Não adianta dizer que não. Há sempre aquela coisa mais íntima, que evitamos até pensar para não confessarmos para nós mesmos. Natural. Segredos envolvem amores, família, trabalho… a vida! Contudo, há também segredos gostosos e que não há problema algum em confessá-los; é até prazeroso. Alguns segredos nos acompanham desde sempre; outros vão surgindo ao longo da vida.
A jornalista Camila Botto reuniu alguns de seus segredos e os transformou em poemas e prosas. Para deleite de quem aprecia uma boa confissão (eu, por exemplo), esses poemas e prosas se transformaram em um livro, que ganhou o título sincero de “Segredos Confessáveis”. Mais sincero que o título, são os sentimentos que autora levou para o papel.
Evidentemente, como em qualquer leitura, a carga emocional e interpretação do leitor conta bastante para a identificação, ou não, do que está lendo. Sinceramente, eu adoro me identificar com o que tenho em mãos e, com esse livro, eu senti que poderia sentar numa mesa com Camila, abrir uma garrafa de vinho e conversar sobre vários assuntos, porque eu me vi, diversas vezes, em suas palavras.
Conflitos amorosos têm o tom melancólico que merecem, mas não causam incomodo ou tristeza. Sente-se que ela está a caminho da superação, por mais que aquilo, ainda, doa. Quando viramos a página de uma saudade, logo encontramos um poema que fala sobre a vida e o prazer de seguir o percurso estranho em que ela nos coloca, aguardando as surpresas do amanhã, ou um poema que fala sobre um amor fluido, que está dando certo. A descoberta de “quem eu sou”, também, está lá. E essa, talvez, seja uma das descobertas mais demoradas da vida. Em algum momento de transgressão, a autora diz que está “Cansada” e coloca para fora perturbações que a acompanham quando diz respeito ao que os outros esperam dela e, principalmente, quando diz respeito do que ela espera dela própria.
“Segredos Confessáveis” foi lançado em 2014 e é uma espécie de biografia, onde a autora se entrega sem medo de ser julgada, de se deixar ser vista nua através de suas palavras. Uma leitura que você pode fazer em um dia, porque é prazeroso de ler e rápido, mas que eu recomendo que faça aos poucos para que possa pensar naquele contexto. Uma leitura extremamente agradável!
Você pode encontrar o livro com a própria autora e aproveitar para bater um papo com ela. Sempre solícita e conectada, Camila Botto, além de talento, tem simpatia, o que é indispensável no mundo atual.
Publicado originalmente aqui.

Entre Irmãs


Entre Irmãs

Breno Silveira dirigiu, em 2005, o aclamado “2 Filhos de Francisco”, sua estreia em longa. De lá para cá, deixou a sua assinatura na direção de filmes maravilhosos como “Era Uma Vez...”, “Gonzaga – De Pai Para Filho”, “À Beira do Caminho”, da série “1 Contra Todos” e agora retorna às telonas com “Entre Irmãs”, com roteiro de Patrícia Andrade, inspirado na obra de Frances de Pontes Peebles, “A Costureira e o Cangaceiro”.

A história se passa na década de 1930, no sertão pernambucano. Luzia (Nanda Costa) e Emília (Marjorie Estiano) são duas irmãs que moram com a tia Sofia (Cyria Coentro) e trabalham de costureira. As duas, apesar de se amarem, possuem personalidades distintas. Enquanto Emília sonha em ir para uma cidade maior e encontrar um príncipe encantado, Luzia se conforma com sua vida sem expectativas e seu braço atrofiado, por conta de um acidente na infância. O destino dessas mulheres sofre uma reviravolta quando elas cruzam com o bando do cangaceiro Carcará (Júlio Machado).

A partir desse encontro, as irmãs são separadas e as histórias paralelas são narradas nas quase três horas de filme. Luzia fica com os cangaceiros, descobrindo um lado difícil da vida, se vendo obrigada, por mais forte que seja sua personalidade, a aprender a atirar para se defender, matar se for preciso, além de descobrir que justiça, às vezes, tem que ser feita com as próprias mãos.  Enquanto Emília realiza seu sonho de casar e morar na cidade grande. No entanto, seu doce marido Degas (Romulo Estrela) não é nada do que ela esperava e sua vida na cidade não é como sonhou. As duas descobrem que a liberdade para seguir o caminho desejado tem um preço.

As relações que são criadas durante a narrativa e as diferenças entre o rumo das vidas das irmãs são construídas com base na sociedade da época e no cenário político. As tramas estão bem amarradas e o filme leva todo esse paralelo entra as protagonistas. Corre tudo tão bem, que o filme passa voando. Não há tanta apelação, apesar de um clichê ou outro, como o próprio final, mas que dentro do contexto se aplica de uma forma aceitável e não tira a emoção do todo para entrar num dramalhão.

As atuações estão impecáveis. Nanda Costa só melhora a cada trabalho e em “Entre Irmãs”, a atriz supera todo o seu currículo. Seu trabalho está mais apaixonante do que nunca. Trilhando esse caminho, não há dúvidas de que ela vai ainda mais longe. Marjorie Estiano vem de uma leva de trabalhos fantásticos, deixando seu nome como uma das melhores atrizes de sua geração. A cena em que Emília vê o mar pela primeira vez é um exemplo do que Marjorie tem a oferecer ao cinema. É uma cena tão bonita e verdadeira, que é impossível não se emocionar. Júlio Machado, como Carcará, está brilhante. Todos com um carisma capaz de conquistar salas cheias. Cyria Coentro, apesar de fazer uma breve participação, é outro nome que não pode passar em branco. A atriz é de tanta emoção, que deixa a vontade que sua personagem ficasse mais um pouco em cena.

A história de duas mulheres jovens e batalhadoras, criadas de forma simples, numa época cheia de dificuldades, trilhando caminhos de descobertas do mundo e de si próprias fazem de “Entre Irmãs” mais um título forte e inesquecível do cinema nacional. Não é um filme de fragilidades femininas e sim da força que a mulher consegue tirar de si quando precisa: sempre.

“Entre Irmãs” estreia hoje, dia 12 de outubro. Se não tiver nenhuma criança para levar para assistir uma animação, aproveite o feriado e prestigie o cinema nacional na sua melhor forma. Vale a pipoca, a bebida, as quase três horas e o prazer de ver atuações gigantes.

Chocante


Chocante

“Ninguém pediu, mas eles voltaram!” é a frase que está no cartaz da mais nova comédia brasileira “Chocante”. A banda Chocante fez sucesso há 20 anos com a música chiclete “Choque de Amor”, mas após o sucesso meteórico, a banda acabou e cada um dos cinco integrantes seguiu um rumo na vida, perdendo o contato. Quando se reencontram em um enterro, percebem que ninguém está satisfeito com a vida atual e, ao relembrar o passado, decidem fazer mais um show juntos para fechar de forma digna o que ficou em aberto no passado.

Quézia (Débora Lamm), antiga fã dos rapazes, oferece a casa para que eles possam ensaiar, incentivando o retorno da banda. Decididos, procuram o antigo empresário da banda, Lessa (Tony Ramos), que sugere um novo membro: Rod (Pedro Neschling). Recém saído de um reality show, o rapaz é super ativo nas redes sociais e cheio de fãs. Está feita a nova formação da banda Chocante: Téo (Bruno Mazzeo), Tim (Lúcio Mauro Filho), Tony (Bruno Garcia), Clay (Marcus Majella) e Rod.

Mesmo com seus empregos, eles arranjam tempo para ensaiar e arranjar confusão. Téo com a filha Dora (Klara Castanho), ele nunca sabe quando precisa buscar a garota na escola ou que ela gosta de comer, apesar dos dois se darem bem e gostarem bastante um do outro. Clay com seu emprego de “marketing” (locutor que anuncia promoções) no supermercado, Tony que de taxista se tornou Uber e provoca os antigos colegas, e Tim, que é oftalmologista, mas completamente insatisfeito.

O visual dos caras é completamente tosco, bem década de 80 / 90, com direito a pochete, mullet, bigodinho maneiro, umas roupas nada a ver e luvinhas. Esse contraste é ainda mais bizarro, porque o cenário é todo moderno com TVs atuais, celulares e eles presos ao passado. A química entre os atores é muito boa, a amizade que eles demonstram ter fica bem verdadeira, sem contar que todos têm bastante carisma. O desenrolar da trama tem um bom ritmo e diverte bastante. Marcus Majella é, atualmente, um grande nome do humor e suas cenas são as que mais divertem. “Chocante” não é um filme para tirar uma grande lição, apenas entretenimento, sendo assim, se sai bem na sua proposta. O roteiro é assinado por Bruno Mazzeo, Luciana Fregolente, Pedro Neschling e Rosana Ferrão. Já a direção é de Johnny Araújo e Gustavo Bonafé.

“Chocante” estreia hoje, dia 5 de outubro e vale o ingresso, a pipoca e a música que vai ficar grudada na sua mente por dias. Quando você menos esperar, vai cantarolar: “choque de amor, me dá um choque de amor...”

Se quiser já entrar na sala de cinema com a letra na ponta da língua, vou dar uma mãozinha!

Divórcio


Divórcio

Depois de uma leva de filmes excelentes (Como Nossos Pais, O Filme da Minha Vida, Bingo), o cinema nacional volta para sua zona de conforto e faz mais uma comédia. Não que isso seja ruim, não é. O cinema nacional é tão grandioso e competente, que pode voltar para suas comédias bobas e conseguir entreter o público.

Em “Divórcio” acompanhamos o casal Noeli (Camila Morgado) e Júlio (Murilo Benício). Como uma linda história de amor cinematográfica, eles ficam juntos de uma maneira extremamente romântica, crescem comercialmente juntos com o molho de tomate JUNO (união dos nomes), têm duas filhas e alcançam a estabilidade financeira que qualquer casal almeja. Mas nem tudo é perfeito e pequenos detalhes que no início do relacionamento são fofos ou relevantes, com a convivência se tornam insuportáveis. A partir daí, como o título diz, vem o divórcio. Noeli e Júlio travam uma guerra. Ele acha que ela gasta demais e não quer pagar tudo o que ela pede de pensão, ela acha que merece uma pensão digna para manter seu estilo de vida caro com roupas e sapatos caríssimos. Ambos contratam advogados TOP para alcançar o objetivo.

O filme começa com bastante gás, mas perde um pouco do ritmo do meio para o fim. As piadas são conhecidas e as falas são previsíveis. No entanto, algumas situações inusitadas conseguem arrancar risadas de quem está assistindo. As cenas de ação são muito boas, principalmente as de Júlio no carro pela estrada. O final, apesar de ser extremamente deduzível, não deixa o roteiro na mão e dá um bom desfecho para o longa.

O filme do diretor Pedro Amorim (Mato Sem Cachorro) não traz nenhuma surpresa, mas também não cria nenhuma expectativa em seu trailer / sinopse. Tem uma bela fotografia e o hino “Evidências” interpretado por Paula Fernandes em sua trilha.  Diverte o público, além de levar para as telonas as atuações maravilhosas da sempre fantástica Camila Morgado e de Murilo Benício, que parece se encaixar sempre muito bem no papel de homem besta. Detalhe para a risada dele, que mesmo sendo ridícula, me fez rir o tempo todo. Ponto alto: Paulinho Serra, que faz participação especial e está maravilhoso. O sotaque estereotipado do povo de Ribeirão Preto deve ser levado como hipérbole. Ninguém precisa se irritar! (Sou baiana e posso falar com conhecimento de causa sobre esse assunto.)

“Divórcio” estreia amanhã, 21 de setembro. É uma comédia para todas as idades que promete divertir o público, nada além disso. Vale a pena o combo da pipoca, o ingresso e a risada boba, principalmente se você assistir “Mãe!” primeiro e precisar espairecer depois.

Polícia Federal - A Lei É Para Todos


Polícia Federal – A Lei É Para Todos

Sabe aquele filme que desde a sua concepção já é odiado? Pois bem, é o caso de “Polícia Federal – A Lei é Para Todos”. Desde que começaram a especulação sobre a possibilidade de fazer esse filme, os mais furiosos, certamente filiados de algum partido, já deixaram claro o ódio pelo filme. Mas o filme nasceu! E, mesmo assim, continua arrancando a fúria de quem não aceita a realidade ou parte dela, por conveniência.

O diretor do filme, Marcelo Antunez, deixou bem claro que o filme não é partidário. Por ser um filme BASEADO em fatos reais, mistura elementos de ficção com realidade, a primeira parte da trilogia vai gerar polêmica por parecer anti-petista. Parece mesmo. Talvez não seja. Talvez seja. No entanto, a dificuldade em enxergar algo simples, vem da premissa de que as pessoas só enxergam o que querem, e isso serve para ambos os lados. Talvez, o PT se destaque mais como partido corrupto, investigado na Lava Jato, porque é, coincidentemente, o partido que estava governando o país, no período retratado. O interessante da história, é que quem mais ataca o filme, ainda não o assistiu.

O longa leva os bastidores da Lava Jato, como começou, aonde e o motivo. É o lado que ninguém acompanhou nos noticiários, o lado da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, os bastidores. Como o país anda com muitos vilões, a carência por heróis é evidente. Quem, simplesmente, faz a “coisa certa” é tido prontamente como herói. Contudo, não está fazendo mais do que a obrigação, que é o caso de cada membro da equipe. Não é necessário classificar os heróis, mas os bandidos são evidentes, uma vez que bandido é sempre bandido, realidade ou ficção.

Um dos estranhamentos, que os haters usam contra o filme, é que os nomes dos suspeitos e / ou criminosos foram utilizados sem nenhuma troca, já os “heróis”, ganharam pseudônimos. Se fossem colocar todos os integrantes da PF, que ajudaram nas investigações, seria mais personagem do que roteiro, então, por uma questão de narrativa, os nomes foram sintetizados em um personagem só. Não há como ficar mais claro. Contudo, para os mais céticos, há como fazer uma pesquisa no Google de quem cada ator representa. Obviamente, não vão aparecer todas as figurinhas, mas os principais, sim. Outro “argumento” utilizado, principalmente por quem não viu o filme, é a hora que Ivan (Antonio Calloni) vê Dilma anunciar o nome de Lula como ministro. Só para lembrar: é uma obra BASEADA em fatos reais. Se ele estava deitado e o pronunciamento da presidente foi durante a tarde, não altera em nada o discurso reproduzido. Não há lógica para desconstruir um roteiro, mas quem deve... “Temer”!

A obra cinematográfica, que é tida como um thriller, não fica devendo em nada às grandes produções de Hollywood, quando abordam o mesmo estilo de narrativa. As ações da PF têm a medida certa e o desenvolvimento dessas ações, as provas, documentos e áudios são apresentados de forma que não fogem ao roteiro ou pareça algo surreal. O ritmo do filme é muito bom e deixa o público, que está disposto, envolvido. As atuações são inquestionáveis, principalmente a de Bruce Gomlevsky. Seus picos de raiva e a vontade de resolver tudo logo, e o alívio de alguns colegas quando ele não pode agir em determinadas situações, serve para humanizar a “perfeição”, que o público ferrenho não aceita em hipótese alguma (nesse filme, em outros é irrelevante). Ponto alto, também, é Ary Fontoura como Lula, principalmente no dia da sua condução coercitiva.

Por ainda ser o primeiro de três filmes, não é certo julgar que há defesa de algum político ou partido, ainda mais quando são citados, mesmo que en passant. Essa foi só a primeira parte, que retratou o que aconteceu no início das investigações. A forma como está sendo conduzido, dificilmente, deixará o presidente Fora Temer e tantos outros corruptos de fora das continuações. Um dos questionamentos mais críticos do filme, é quando perguntam até aonde isso tudo vai levar, se eles não são mais uma manobra de algum dos lados. O que pode ser interpretado como evidência do não posicionamento político. Mas também pode, porque, como citado acima: as pessoas enxergam o que querem.

“Polícia Federal – A Lei é Para Todos” estreia em um dia pertinente, 7 de setembro e promete ser, ainda mais, odiado. Sendo próximo às próximas eleições ou não, o filme não está convidando a ninguém a tomar um partido, está apenas transformando a realidade em arte. Vai de cada um aceitar como, ou não. Assim, como qualquer outro filme, agradará e desagradará. Ninguém tem a fórmula para ser 100% aceito. Enfim! Vale o ingresso, vale o combo da pipoca e vale a reflexão do que vivemos todos os dias e seguimos totalmente ou parcialmente cegos. Na guerra entre coxinhas e petralhas, já está mais do que provado que quem perde são todos, menos os grandes.