Polícia Federal – A Lei
É Para Todos
Sabe aquele filme que desde a sua
concepção já é odiado? Pois bem, é o caso de “Polícia Federal – A Lei é Para
Todos”. Desde que começaram a especulação sobre a possibilidade de fazer esse
filme, os mais furiosos, certamente filiados de algum partido, já deixaram
claro o ódio pelo filme. Mas o filme nasceu! E, mesmo assim, continua
arrancando a fúria de quem não aceita a realidade ou parte dela, por conveniência.
O diretor do filme, Marcelo
Antunez, deixou bem claro que o filme não é partidário. Por ser um filme BASEADO em fatos reais, mistura elementos
de ficção com realidade, a primeira parte da trilogia vai gerar polêmica por
parecer anti-petista. Parece mesmo. Talvez não seja. Talvez seja. No entanto, a
dificuldade em enxergar algo simples, vem da premissa de que as pessoas só
enxergam o que querem, e isso serve para ambos os lados. Talvez, o PT se
destaque mais como partido corrupto, investigado na Lava Jato, porque é,
coincidentemente, o partido que estava governando o país, no período retratado.
O interessante da história, é que quem mais ataca o filme, ainda não o
assistiu.
O longa leva os bastidores da
Lava Jato, como começou, aonde e o motivo. É o lado que ninguém acompanhou nos noticiários,
o lado da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, os bastidores. Como
o país anda com muitos vilões, a carência por heróis é evidente. Quem,
simplesmente, faz a “coisa certa” é tido prontamente como herói. Contudo, não
está fazendo mais do que a obrigação, que é o caso de cada membro da equipe.
Não é necessário classificar os heróis, mas os bandidos são evidentes, uma vez
que bandido é sempre bandido, realidade ou ficção.
Um dos estranhamentos, que os haters usam contra o filme, é que os nomes
dos suspeitos e / ou criminosos foram utilizados sem nenhuma troca, já os “heróis”,
ganharam pseudônimos. Se fossem colocar todos os integrantes da PF, que ajudaram
nas investigações, seria mais personagem do que roteiro, então, por uma questão
de narrativa, os nomes foram sintetizados em um personagem só. Não há como
ficar mais claro. Contudo, para os mais céticos, há como fazer uma pesquisa no
Google de quem cada ator representa. Obviamente, não vão aparecer todas as
figurinhas, mas os principais, sim. Outro “argumento” utilizado, principalmente
por quem não viu o filme, é a hora que Ivan (Antonio Calloni) vê Dilma anunciar
o nome de Lula como ministro. Só para lembrar: é uma obra BASEADA em fatos reais. Se ele estava deitado e o pronunciamento da
presidente foi durante a tarde, não altera em nada o discurso reproduzido. Não
há lógica para desconstruir um roteiro, mas quem deve... “Temer”!
A obra cinematográfica, que é
tida como um thriller, não fica devendo em nada às grandes produções de
Hollywood, quando abordam o mesmo estilo de narrativa. As ações da PF têm a
medida certa e o desenvolvimento dessas ações, as provas, documentos e áudios
são apresentados de forma que não fogem ao roteiro ou pareça algo surreal. O
ritmo do filme é muito bom e deixa o público, que está disposto, envolvido. As
atuações são inquestionáveis, principalmente a de Bruce Gomlevsky. Seus picos
de raiva e a vontade de resolver tudo logo, e o alívio de alguns colegas quando
ele não pode agir em determinadas situações, serve para humanizar a “perfeição”,
que o público ferrenho não aceita em hipótese alguma (nesse filme, em outros é
irrelevante). Ponto alto, também, é Ary Fontoura como Lula, principalmente no
dia da sua condução coercitiva.
Por ainda ser o primeiro de três
filmes, não é certo julgar que há defesa de algum político ou partido, ainda
mais quando são citados, mesmo que en passant.
Essa foi só a primeira parte, que retratou o que aconteceu no início das
investigações. A forma como está sendo conduzido, dificilmente, deixará o
presidente Fora Temer e tantos outros corruptos de fora das continuações. Um
dos questionamentos mais críticos do filme, é quando perguntam até aonde isso
tudo vai levar, se eles não são mais uma manobra de algum dos lados. O que pode
ser interpretado como evidência do não posicionamento político. Mas também
pode, porque, como citado acima: as pessoas enxergam o que querem.
“Polícia Federal – A Lei é Para
Todos” estreia em um dia pertinente, 7 de setembro e promete ser, ainda mais,
odiado. Sendo próximo às próximas eleições ou não, o filme não está convidando
a ninguém a tomar um partido, está apenas transformando a realidade em arte.
Vai de cada um aceitar como, ou não. Assim, como qualquer outro filme, agradará
e desagradará. Ninguém tem a fórmula para ser 100% aceito. Enfim! Vale o
ingresso, vale o combo da pipoca e vale a reflexão do que vivemos todos os dias
e seguimos totalmente ou parcialmente cegos. Na guerra entre coxinhas e
petralhas, já está mais do que provado que quem perde são todos, menos os
grandes.