Louco Amor de Fã e o Young Adult


Na onda de ler autores nacionais, toda vez que tenho a oportunidade de conhecer um autor novo, me jogo. Foi assim que conheci a autora Sheila Lima Wing. Passeando pelo feed do Instagram, vi a possibilidade de parceria e me candidatei. Cá está o resultado.
“Louco Amor de Fã” traz a história de Madori, a mais nova de quatro irmãs com um pai insuportável e uma mãe sem voz. Madori sofre por sua família não entender o seu jeito. Apaixonada pelas palavras do colunista Teo Queiroz, aos 15 anos, ela só tem olhos para a escrita profunda e sincera do menino de 18 anos, que não revela seu rosto. Um amor ingênuo, que qualquer adolescente pode nutrir durante essa fase, mas geralmente é por cantores de boy bands ou atores. Quando seu amor é descoberto pelas irmãs, Madori sofre com o deboche das meninas chatas e deixa para lá. Alguns anos depois, ela passa a dividir o apartamento com a melhor amiga, que parece não ter saído da fase de fã e está encantada com um cantor sertanejo. Por acidentes da vida, esse cantor vai para na casa delas junto com uma amiga e Madori, que já não acredita mais em romance, vai precisar se esforçar para manter os pés da amiga no chão, aguentar o famosinho metido e lidar com as novas possibilidades de afeto.
A escrita de Sheila é fácil e leve, apesar de ter muita menção à animes (não acompanho e apesar das explicações, não me dizia nada). A leitura de “Louco Amor de Fã” me fez lembrar da minha época de assinante de revistas teen, que tinham fotos dos meus ídolos, entrevistas e várias matérias legais. Pelo tema e até mesmo pela escrita, é um livro direcionado ao público mais jovem. Considerado Young Adult, o público-alvo está na faixa dos 14 aos 21 anos. Há quem diga que a faixa pode ser, também, dos 15 aos 29 anos, abrangendo o público chamado de kidults, que são adultos que mantém os hábitos adolescentes. A diferença entre o Young Adult e o infantojuvenil, é que os protagonistas ganham um ar mais adulto e ficam menos inocentes, assumindo uma postura mais responsável diante da vida. A classificação pode passear por todos os gêneros: drama, terror, suspense, romance… contudo, quase sempre haverá um pouco de humor e ironia. Os temas mais abordados nesse estilo, costumam ser os que os jovens enfrentam frequentemente. No caso de Madori, é o problema familiar e a falta de crença no romance. Pode haver bullying, dificuldade de se relacionar, desigualdade social… entre outros.
É um estilo que está conseguindo entrar na casa dos jovens e fazer com que os adolescentes se interessem pela leitura, talvez pela identificação com os protagonistas e a possibilidade de encarar os problemas do dia a dia com uma nova atitude. Para quem repreende, acha que não é a leitura adequada, peço para que reflita que pode ser a porta de entrada para a leitura. As sagas de “Harry Potter”, de J.K. Rowling e “Crepúsculo” de Stephanie Meyer, além do famoso “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J.D. Salinger são exemplos bem-sucedidos do estilo. “O verdadeiro analfabeto é aquele que aprendeu a ler, mas não lê.”
“Louco Amor de Fã” é divertido e tem uma história legal, bastante fluida, gostosa de ser lida. Um bom presente para quem quer iniciar algum jovem na leitura ou para quem quer incentivar quem já tem o bom hábito. Certamente, agradará mais o público feminino. E pode ser lido, sim, pelo público mais velho, como uma distração. O livro pode ser encontrado no formato ebook na Amazon ou no formato tradicional no site Clube de Autores.
Publicado originalmente aqui.

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