Uma das séries mais populares da Netflix, retornou na sua 5ª temporada em um tom um tanto quanto diferente das anteriores. Em meio a tantos cancelamentos do canal de streaming, Orange sobreviveu e segue firme para, pelo menos, mais duas temporadas. Ufa!
A nova temporada de OITNB dá continuidade à rebelião que as detentas de Litchfield iniciaram após Poussey (Samira Wiley) ser morta por um guarda. O fato gerou um conflito maior entre as detentas e o sistema prisional deixando o final da 4ª temporada com Daya (Dascha Polanco) segurando uma arma e ameaçando um dos guardas. O início da 5ª é justamente a partir dessa cena. As respostas que ficaram no ar, são respondidas ao longo dos 13 novos episódios, que foram divididos entre as 72h que sucedem após a rebelião.
O que chama atenção é que OITNB saiu do seu lugar comum e ganhou um novo tom com mais ação e, mesmo assim, não perdeu suas pitadas de humor e seu potencial de falar sobre a vida das mulheres, seja dentro ou fora da cadeia. As tribos que haviam lá dentro, acabam se despeçando e todas as mulheres (negras, brancas, latinas, muçulmanas e outras), acabam por conviver em um ambiente que já não tem mais espaço para o individualismo; todas têm um consenso, que é garantir o cumprimento dos seus direitos, uma vez que os mesmos foram tolidos por um sistema mercenário, sem a preocupação da regeneração, muito menos da inserção dessas mulheres na volta para a sociedade. Além do mais, a forma bruta como são tratadas ali dentro, com desprezo e violência, precisa ser revista.
Quem assume a função de protagonista da vez é Taystee, interpretada pela atriz Danielle Brooks, que mostra um show de atuação. Sendo uma das melhores amigas de Poussey, Taystee luta para que o guarda acusado seja punido da mesma forma como qualquer um que comete um erro, é. Porém,é difícil de ver o que o guarda Bayley (Alan Aisenberg) passa após ter matado Poussey. De todos os guardas, ele era um dos mais simpáticos, tinha uma pureza visível. Um acidente fatal acabou por destruir duas vidas de formas distintas. Outros guardas que estão em Litchfield são tomados como reféns e algumas presas são designadas para ficar de olho neles. Os guardas, obviamente, não recebem o melhor tratamento, uma vez que eles contribuíram para a revolta daquelas mulheres.
Uma das coisas mais interessantes é ver como cada ser humano se comporta diante de uma situação nova. Os que têm poder, os que tinham e não têm mais, os que alcançaram o poder. Além disso, têm aqueles que preferem escolher um novo líder para seguir, por ser mais fácil do que contribuir com uma ideia nova ou propor melhorias nas ideias já apresentadas. Apenas concordam com tudo. Nada diferente do mundo fora das grades. É até doloroso de ver que, enquanto uma parte luta por justiça e direitos, a outra luta apenas por conforto, salgadinhos e desejos pessoais. Até quando?
Responsabilidade, companheirismo, direitos, humanidade, preconceito, traumas, sobrevivência, feminismo e, principalmente, sororidade. A quinta temporada de Orange Is The New Black ratifica explicitamente, em forma de reinvindicação de melhorias do direito que qualquer ser humano tem, tudo o que vinha sido apresentado nas suas temporadas anteriores e como quando as mulheres, que vivem atrás das grades de Litchfield, se unem por algo maior, podem conseguir.
Os flashbacks, já esperados por quem assiste a série, continuam a contar as histórias pessoais das detentas e ajudam ao público a entender o que as levaram até a cadeia. As personagens que são queridas desde a primeira temporada da série, como Red, Nicky, Lorna, Crazy Eyes, Big Boo e algumas outras, continuam marcando presença e tendo destaques ocasionais, mais que merecidos.
Piper (Taylor Schilling) e Alex (Laura Prepon), o casal lésbico que deu início a toda trama, está mais maduro e, pelo menos dessa vez, conseguem manter a paz, sem despertar a raiva de quem está assistindo. Dá para finalmente torcer por elas duas sem ter que tomar partido. Um grande alívio para quem não aguentava mais a relação conturbada das moças. No entanto, quem espera ver muito delas, pode desanimar. Apesar da importância das duas na história de Litchfield, elas seguem no elenco regular, com participação ativa, mas sem maiores destaques.
O final da quinta temporada de Orange, para variar, é de arrepiar a espinha e gerar a busca por novas respostas. O público, mais uma vez, terá que esperar um ano para obtê-las. A Netflix não cansa desse formato e os espectadores não cansam de esperar 365 dias de angústia para solucionar os finais sufocantes da série.
Orange Is The New Black é uma série própria da Netflix e todo o seu conteúdo está disponível para os assinantes do canal. Vale a pena assistir, principalmente para quem gosta de temas polêmicos e que geram um bom debate. Se vale a assinatura para sempre do canal, já são outros 500. Com tanto cancelamento dos seus produtos originais, confesso minha decepção com um dos meus canais favoritos, mas esse assunto fica para a próxima.
Para quem não sabe, a série foi inspirada no livro escrito por Piper Chapman, em que conta sobre o tempo que ficou presa. O livro foi lançado no Brasil pela editora Intrínseca e pode ser encontrado em qualquer livraria, nos formatos tradicionais ou ebook.
Publicado originalmente aqui.