“Você só tem que perdoar uma vez. Mas para se ressentir,
você tem que fazer isso o dia todo, todo dia. Tem que ficar se lembrando de
todas as coisas ruins.”
Baseado no romance homônimo de
M.L. Stedman, “A Luz Entre Oceanos” chega às telonas sob a direção e roteiro de
Derek Cianfrance; com Michael Fassbender, Alicia Vikander e Rachel Weisz.
“Tom Sherbourne” trabalha num
farol e mora com a esposa, na região costeira da Austrália, isolado do resto da
cidade. Após tentativas frustradas de terem um filho, “Tom” e “Isabel”
encontram um barco à deriva com um bebê e um homem morto. Com tanta tristeza
por conta dos abortos de “Isabel”, eles decidem ficar com a criança e cuidar
dela, como se fosse filho deles.
O filme é um drama pesado e a tristeza
paira nas duas horas e meia, até mesmo nas cenas felizes. Talvez seja o tom
melancólico dele, que está ali, do início ao fim. Não li o livro, mas caso o
filme seja fiel, imagino que deva ser uma leitura difícil e arrastada, para que
se tome fôlego e possa seguir em frente.
Contudo, o filme é muito bom! Um
pouco longo, mas bom. Algumas vezes, torci para que acabasse logo, porque é
difícil digerir. Digerir, inclusive, os seus princípios ali. Você torce para
uma personagem que é errada, mas não chega a ser uma vilã. Deseja que outra,
que é a certa, mas não chega a ser a mocinha, deixe tudo do jeito que está e
siga sua vida. Entretanto, ao se por no lugar dela, a gente se pergunta se
faria isso. É complexo!
Me arrancou da minha zona de
conforto, no cinema e me fez ir para Austrália, tentar resolver tudo
pacificamente. Impossível.
A fotografia do filme é uma
atração à parte. Vale a pena ser vista e admirada.
Alicia Vikander ratifica o motivo
de ter ganhado um Oscar (atriz coadjuvante) esse ano. Sua interpretação é a
certeza de que, em pouco tempo, ela receberá o maior prêmio do cinema, mas
dessa vez, como melhor atriz. Sua personagem que tem, a princípio, a ousadia da
juventude, vai se transformando em uma mulher feliz, depois numa mulher
deprimida e, em seguida, numa mulher desesperada, cheia de remorso e raiva.
Trabalho impecável da atriz. Michael
Fassbender como um homem cheio de traumas, que segue sua vida com poucas palavras,
mas cheio de bondade, princípios e amor, ratifica, também, a frustração por ele
não ter uma estatueta em casa. Ele fica melhor a cada dia! Rachel Weisz não
fica atrás. A personagem tão cheia de dúvidas e certezas sobre como lidar com a
situação, passa o sofrimento com muita facilidade para quem assiste. É quase
impossível não se colocar nos lugares de todos.
Para quem gosta de um drama
intenso, onde as chances de derramar lágrimas são de 99,9%, “A Luz Entre
Oceanos” entrega de forma bonita, mas triste, um dos filmes mais pesados que já
assisti.