Eu Fico Loko


Eu Fico Loko

É difícil engolir quando vemos que o filme sobre a vida de um YouTuber brasileiro, que nem tem 30 anos, chegará aos cinemas. Confesso que nem vi o trailer, mas torci o nariz e disse que não faria nenhuma questão de assistir. E não fazia mesmo. Mas aconteceu de ter cabine e como eu tinha acabado de sair do maravilhoso de “Assassin’s Creed”, fiquei para ver, já me preparando para uma grande bobagem. Mas não era só bobagem.

A história de Christian Figueiredo é parecida com a de milhões de adolescentes no mundo todo: bullying, exclusão, adolescência, invisibilidade, amores, sexo... a receita de filmes americanos de sucesso. Não é uma história inédita, está bem longe disso, mas serve para dar boas risadas.

O filme de Bruno Garotti (diretor e roteirista) é comum: não tem muitos cenários, mas tem uma fotografia jovem bacana; não tem muitos personagens, mas o que estão ali, são o suficiente para não ter muitas histórias sem sentido; também não tem diálogos impressionantes, mas os que têm expressam o que é necessário. Tem uma trilha sonora muito boa, talvez, um dos grandes pontos altos do filme. Entretanto, é impossível dizer que “Eu Fico Loko” não possui uma história cativante.

Filipe Bragança, ator que faz o Christian, parece perfeito para o papel. O garoto, além de interpretar bem, tem a cara e postura de “loser”, que tanto é passado para o público. Um personagem principal, que é fácil de se identificar e/ou querer conhecer. Completamente carismático.

Além dele, há outra personagem que merece destaque: avó de Christian, que é interpretada pela sensacional Suely Franco e desperta boas risadas e o carinho de quem está assistindo. Impossível não criar uma enorme empatia pela senhora desbocada e sincera, que o garoto tem.

Durante o longa, Christian Figueiredo faz participações como narrador. Não vou dizer que funcionou tão bem assim, alguns momentos foram bem desnecessários, mas outros ficaram interessantes. Parece que a história fica mais real e menos “mais do mesmo”. É diferente saber que aquilo ali, é baseado diretamente na história de vida de alguém.

“Eu Fico Loko” tem uma boa construção. Começo, meio e fim desenvolvidos de forma competente e que não deixam nenhuma ponta desamarrada. O conteúdo funcionou muito bem, principalmente se for considerado que é um filme de jovens feito para jovens.

Christian Figueiredo conseguiu despertar minha curiosidade para seus livros. O jovem já tem três lançados, os quais tive preconceito para começar a ler. É bom, às vezes, quebrar barreiras que a gente cria por bobagem. Christian é um bom exemplo para os jovens, já que superou o bullying, arriscou sua imagem, se jogou no que gostava e agora é um sucesso indiscutível.

Um filme que pode não agradar os adultos, principalmente os “haters”. Mas tanto ódio com os YouTubers é mais desnecessário do que tantos livros lançados, sem um conteúdo agregador, mas que são um passo para a entrada dos jovens nesse mundo fantástico dos livros. Minha cabeça começa a expandir para um novo gênero.

“Eu Fico Loko” estreia hoje, 12/01.

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