“Se eu sobreviver, vou escrever um livro sobre o medo.” E ela escreveu. Sem medo de expor o que a perturbava, Tati colocou em brilhantes páginas como é viver, sendo uma pessoa que sofre de síndrome do pânico e ansiedade.
Sempre fui fã de Tati Bernardi, pelas coisas que lia na internet (que, de repente, não eram exatamente dela, mas por colocarem o nome dela embaixo, eu já ficava ainda mais encantada), pela sua coluna na Folha de S. Paulo, por ser publicitária e roteirista de cinema (meu sonho).
Sempre quis ler um livro de sua autoria, mas por circunstâncias da vida, demorei e só consegui há um ano; e me apaixonei de vez. Comecei uma paixão platônica pelas palavras de Tati (as verdadeiras) e acho que não tem mais volta. Quero todos os livros dela. Quero conhecê-la!
Em “Depois a Louca Sou Eu” Tati fala sobre seus medos, suas tarjas pretas, sua ansiedade e crises de pânico com muito bom humor. Eu nunca passei por nada disso, mas conheço pessoas que já passaram por situações parecidas. O que mais me espanta é que esse número cresce a cada dia e a dependência pelas tarjas pretas também.
Infelizmente, não é todo mundo que encara, como Tati consegue encarar atualmente. Dei muita risada; mas ao pensar na mente 220w, que ela tem, fiquei de coração partido. Não deve ser fácil ter tantos conflitos dentro de si, com as coisas que, para mim, são básicas, como por exemplo: viajar no fim do ano para a praia, andar de avião, tomar decisões sem tantas preocupações irrelevantes (lendo você entenderá) e, entre outras, ir à padaria ou correr no parque.
Ao ler esse livro, criei uma simpatia maior por quem precisa que sejamos mais solidários. Doenças psicológicas não são bobagens. São doenças como qualquer outra, que necessitam de cuidados, acompanhamento e medicação. Fiquei feliz quando ela disse que está há cinco meses sem usar nenhum remédio. Acredito que seja um passo altamente significante, para quem precisa de suas drogas farmacêuticas por perto. Espero que todos consigam trilhar esse mesmo caminho e libertem-se.
Um livro maravilhoso para quem deseja uma leitura leve, sem rodeios, mas que manda a real. Uma real tão bem escrita, que parece que ela está ali, em sua frente, conversando com você. É quase impossível parar de ler, a não ser, que seja para rir. Diversas vezes eu parei só para ler para minha mãe o que estava me fazendo rir tanto.
Porém, com todos esses conflitos, inseguranças, fobias… Ela é uma mulher forte, que soube usar suas particularidades de forma inteligente e transformar em sucessos, seja através de livros, cinema… Rir de si mesmo é um privilégio para poucos.
Esses detalhes só comprovam, que quando há oportunidade, quando há cuidados, carinho, atenção… e algumas tarjas pretas, é claro, os quadros patológicos podem ser revertidos em bom humor, dinamismo e “tocar” as pessoas, não somente as distraindo, mas também as alertando, porque tudo o que é escrito, apresentado, é a sua própria realidade.
PS: Quando comecei a ler o livro, não sabia do que se tratava; foi uma surpresa. Talvez eu precisasse, para conseguir ser melhor comigo mesma e com quem precisa.
PS: Nunca vou esquecer da questão viajar X molhar as plantas. Acho que nunca ri tanto em minha vida.
Tati, OBRIGADA!
Livro: Depois a Louca Sou Eu
Autora: Tati Bernardi
Ano: 2016
Editora: Companhia das Letras
Valor / Média: R$ 25,00
Onde encontrar: Livrarias físicas e online
Formato: Impresso ou digital
Publicado originalmente na coluna "Café com Alice", no site "Feminino e Além".
http://femininoealem.com.br/24647/depois-a-louca-sou-eu/