O Bebê de Bridget Jones


Helen Fielding deu um prazer a todos os fãs da jornalista atrapalhada, Bridget Jones. Em 2016, após 15 anos da sua primeira aparição nos cinemas, a personagem voltou às telonas, para a conclusão de sua história.
Bridget Jones entrou na minha vida totalmente pelo acaso. Eu estava em uma antiga livraria, que vendia CDs e DVDs, e vi o CD com a capa do filme. Como sempre fui apaixonada por trilhas, comecei a ouvir aqueles 30 segundos de cada música e me encantei completamente. Na mesma hora pedi à minha vó e ela atendeu ao meu pedido. De tanto ouvir aquele CD, fui procurar saber mais sobre a origem daquela trilha.
Jones é aquela mulher de 30 e poucos anos, que ainda está um pouco perdida. Tem problema com peso, bebida, cigarro e, é claro, com sua vida amorosa. Fala um monte de besteira, e como Mark diz: sofre de “diarreia verbal”, é um pouco estranha, mas é sincera e tem um bom coração. É como eu sempre digo: quando a gente se identifica fica muito mais fácil de gostarmos do que estamos acompanhando. É óbvio que na época eu não tinha, quase, nenhum daqueles problemas; mas dava para sentir como seria o futuro, né?!
A partir dali, providenciei os livros, a outra trilha, o outro filme… fiz uma maratona de Bridget. De lá para cá, ela e Alice Ayres (Natalie Portman em Closer) tornaram-se minhas referências de “mulher”, no cinema. Só para você ter ideia, no meu Instagram pessoal tem escrito na bio “Bridget Jones”. Foi amor à primeira música. Não tem como dar errado.
Em 2013, quando vi que Helen lançaria um livro sobre minha “heroína”, é claro que surtei de felicidade. Mas o livro veio com um choque; algo inaceitável. Uma situação que fez com que muitos fãs se revoltassem e criticassem o livro. Não vou dar spoiler (apesar de ter vários pela internet), mas posso dizer que não fiquei feliz; entretanto, achei fantástico. Em “Louca Pelo Garoto”, Bridget já é mãe e tem uma vida estabilizada. Continua com seus problemas e até consegue uns novos. Mas é ela! O seu carisma, seu jeito de escrever, de viver. Eu jamais poderia falar mal desse livro. Não entendo o que levou a autora a tomar àquele rumo, mas se foi necessário, arco com as consequências de nem sempre ser tudo como eu quero. Afinal, se a vida é assim, por que a arte não seria?
Acho que, por isso, após tanta crítica ao livro, Helen resolveu amenizar as coisas. O terceiro filme da personagem é baseado na coluna da autora, para o jornal “The Independent”, de 2005; não em um livro. O que ganhamos foi uma história entre “Bridget Jones: No Limite da Razão” e “Louca pelo Garoto“. A jornalista não é mais uma mulher de 30 anos, insegura, nem uma mulher de 50, mãe e com outros problemas. Apesar de continuar solteira e bebendo vez ou outra, Bridget conseguiu amadurecer, se estabilizar no emprego, chegar ao seu peso ideal e largar o cigarro. Sua preocupação agora é se vai morrer sem ter filhos, já que sua idade continua avançando.
O filme e o livro seguem caminhos completamente distintos. Apesar da premissa ser Bridget grávida e na dúvida de quem é o pai, ainda temos o apaixonante Mark Darcy presente, com 50% de chance de ser o pai e outro personagem, também com 50%, evidentemente. No livro, esse personagem é o ex-namorado de Jones, Daniel Cleaver, que nos cinemas foi vivido pelo ator Hugh Grant. Já no filme, o outro suposto pai é Jack, vivido por Patrick Dempsey. Confesso que esse ponto foi altíssimo no filme, porque não gosto do ator Hugh Grant. A saída dele não fez falta nenhuma, uma vez que Dempsey conseguiu uma sintonia perfeita com Renée Zellweger (Jones) e Colin Firth (Darcy), e nos apresenta um personagem altamente carismático. Esses dois dispensam comentários. São a personificação PERFEITA dos personagens do livro. Não poderia ter ninguém que coubesse tão bem nos papéis, igual a eles.
A essência e humor de Bridget continuam iguais. Tanto no livro, como no filme, ela se comporta da mesma forma. As situações são semelhantes, mas com adaptações aceitáveis e necessárias. Não consegui achar defeito no filme, muito menos no livro. O que me deixou um pouco triste, foi o fato de saber que depois deles não haverá mais nenhum. Ainda fico com uma pontinha de fé, que “Louca Pelo Garoto”, apesar de não ter conquistado o público em geral, possa ser roteirizado e adaptado para o cinema. Sharon Maguire, diretora do primeiro e desse terceiro filme, sabe conduzir a personagem. Tenho certeza de que ela não erraria. Vamos sonhar!
Minha dica dessa semana, então, não é um livro ou um filme ou uma trilha sonora; são quatro livros, três filmes, três trilhas e uma personagem feminina que todo mundo deveria conhecer. Uma representante de diversas mulheres fantásticas, mas com jeitos únicos, que muitos não entendem. Nem elas, nem Bridget, precisam de ninguém que as digam como elas são maravilhosas da forma que são. Também não precisam que tenham pessoas ao redor dizendo como deveriam ser, se comportar ou se vestir, como a mãe de Bridget faz e acaba sendo antipatizada pelo público. Mulheres assim, como Bridget, precisam saber que são especiais, porque são espontâneas, sinceras e têm boa índole. Não precisam se preocupar em arranjar alguém e mudar por ele. Cedo ou tarde, um Mark aparecerá do jeito (também estranho) dele e tudo aquilo que sempre acharam que era defeito, que sempre tentaram consertar em vocês, é o que vai encantar.
Talvez, da maneira que eu coloquei, fique até parecendo um conto de fadas; mas não é. É uma realidade para muitas mulheres, em diversos lugares do mundo. Bridget só ajudou a entender, que elas não são estranhas; são mulheres do jeito delas: nem melhor, nem pior.
Os livros (relançados pela Editora Paralela, as três primeiras edições são da Editora Record) podem ser adquiridos em qualquer livraria física ou online. Os filmes podem ser alugados ou comprados no iTunes. As trilhas, encontradas no iTunes ou em algum programa de streaming (sempre tem alguém que faz uma lista com as músicas e põe o nome do filme).
Nota infinita para Helen Fielding e sua personagem!
Publicado originalmente aqui.

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