O Formidável
Todos os gênios têm um lado
humano cheio de erros e poucos acertos, Jean-Luc Godard não foge à regra. Em
1967, durante as filmagens de “A Chinesa”, ele e a atriz Anne Wiazemsky
iniciaram um romance que durou até 1979. A jovem Anne, além de apaixonada pelo
cineasta, tinha grande admiração por aquele homem.
Em “O Formidável”, é retratado o
período do casamento dos dois, sob a visão de Anne. A dificuldade que ela tinha
em lidar com um Godard em crise, um pouco burguês e um pouco revolucionário, com
um novo filme não aceito pelo grande público, que insiste em que o diretor deveria
voltar a filmar como fazia antigamente. Ele não consegue agradar ninguém, nem a
ele mesmo, além de não conseguir transmitir suas ideias para os jovens. O
comportamento do cineasta, muitas vezes, é irritante. Sua arrogância e
infantilidade andam lado a lado. É difícil não comparar a jovem Anne ao mimado
Godard, já que ela tem seus 19 anos e ele 37.
Dirigido e roteirizados por Michel
Hazanavicius (O Artista), baseado nas memórias da própria Anne, “O Formidável”
é um filme divertido, repleto de ironia e que mostra um período complicadíssimo
na vida de um dos maiores nomes que o cinema mundial possui. Passar para o
público a revolução do cinema, a França fervorosa da década de 60 e um
relacionamento que, apesar de muito paixão, tem um casal que se distancia um
pouco a cada dia e como tudo isso se encaixa, é um trabalho delicado, mas que
Hazanavicius consegue fazer sem se perder. Para quem é apaixonado por cinema, “O
Formidável” é indispensável por inúmeros motivos.
“O Formidável” estreou
quinta-feira, 26 de outubro, e é um filme que ganha o público por seu tom
divertido, apesar de ter sua seriedade e por atuações excelente, principalmente
a de Louis Garrel, que interpreta Godard. Vale o ingresso, a contagem de
quantas vezes Godard consegue perder seus óculos, coitado e a pipoca.