Em menos de uma semana perdemos duas pessoas que consideramos mestres na arte de fazer o público rir: Paulo Silvino, aos 78 anos, vítima de um câncer no estômago. Jerry Lewis, aos 91 anos, até então, sem a causa da morte revelada. Por mais triste que seja, e é muito, seria desrespeitoso com os dois nos entregarmos às lágrimas. Por isso, decidi usar a coluna Café com Alice de hoje para celebrar o humor, a risada, os momentos leves que podemos ter graças às pessoas que têm esse dom e decidiram compartilhar com o próximo.
Rir nem sempre é fácil, ainda mais nesse mundo caótico em que vivemos. Corrupção, fome, violência, terrorismo, homofobia… tantas coisas para nos fazer chorar e, vez ou outras, uma luz surge de alguém que faz uma piada boba com trejeitos bobos e faz uma palhaçada ingênua, mas cheia de boa intenção. O humor, para mim, tem a ver com a suspensão da realidade dolorosa, mesmo que tenha a duração de um quadro de humor ou de um filme, às vezes o período de uma série.
Para nos distrair de forma despretensiosa, priorizando mais o humor do que romances ou conflitos, temos séries como “The Big Bang Theory”, “Friends”, “How I Met Your Mother”, “2 Broke Girls”, “Two And Half Man”, “Modern Family” e muitas outras. No Brasil, temos programas que estão no ar há anos, como o “Zorra” (antigo “Zorra Total”). Há muito tempo, o “Zorra” vinha sendo considerado, no boca a boca, um dos programas mais insuportáveis da programação brasileira, mas que sofreu uma repaginada e agora usa a triste realidade do país para, de forma irônica e sagaz, tocar em frente aquela máxima de que é melhor rir do que chorar. Como dizem no divertido mundo da internet: “cada risada é uma lágrima”. Contudo, por mais que seja triste que seja nosso cenário, conseguir rir da tragédia é uma dádiva. Todo mundo precisa afrouxar a gravata, tirar o sapato e se esparramar no sofá.
Aposto que já você já ouviu que “rir é o melhor remédio”. E não há tarja preta que substitua a felicidade inerente a uma risada bem dada, daquelas que a gente perde o ar ou fazer barulho de porquinho. O cinema nacional é fortemente criticado por apostar frequentemente na comédia, mas foi dele mesmo que saiu o fabuloso “O Auto da Compadecida”, títulos como “Minha Mãe É Uma Peça”, “Ó Paí Ó”, “Cine Holliúdy” e diversos outros. Obviamente, nem sempre é um tiro certo, mas não é errado tentar.
Com a despedida desses fantásticos homens, que nos fazem rir há décadas, deixo a recomendação de uma maratona de humor. Junta a família ou faz sozinho mesmo, porque rir sozinho tem o seu valor, e começa uma das séries que citei, alguma que alguém lhe recomendou faz tempo e você fica enrolando, ou assiste a um dos filmes que também citei. Quando começar assistir, se desligue de tudo. Sempre que começar algo, delete o mundo ao seu redor, se entregue à experiência do que está vendo e tudo vai ter aquele gostinho de satisfação. Depois, vai no YouTube e procure vídeos de Paulo Silvino e Jerry Lewis, procure assistir aos filmes que eles participaram, séries, programas e se divirta como se fosse a primeira vez que está vendo esses caras (principalmente se for mesmo). Tenha tempo para o humor. Tenha tempo para ser leve.
De despedida, deixo dois vídeos que são o que me vem à cabeça quando ouço o nome dos dois.
Paulo Silvino como Severino “quebra-galho”, o famoso “cara-crachá”:
Jerry Lewis, na cena clássica da máquina de escrever, do filme “Errado Para Cachorro”:
Um PS: Obviamente, nem todo mundo acha graça em humoristas ou em comediantes, muito menos gosta do gênero comédia e não tem problema nenhum nisso. Como eu adoro, não podia deixar passar em branco a despedida desses grandes nomes.
Quem tiver recomendações de filmes, séries ou vídeos engraçados e quiser me enviar, vou adorar!
Publicado originalmente aqui.