Bingo: O Rei das Manhãs


Bingo: O Rei das Manhãs

Cinema nacional de altíssima qualidade! Vou começar a crítica dizendo o que guardo para o final: não deixem de assistir!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

“Bingo” é a cinebiografia de Arlindo Barreto, um dos intérpretes do palhaço Bozo, sucesso da Tv na década de 1980. No entanto, na época, ninguém sabia quem estava por baixo da fantasia do apresentador infantil, por uma questão de contrato. “Bingo” foi trazido dos EUA para o Brasil, devido ao enorme sucesso lá fora. O inocente palhaço, com um roteiro repleto de piadas bobas e infantis, precisou ganhar a ginga brasileira para agradar o público que, mesmo infantil, não se contentava com pouco. O protagonista é vivido por Vladimir Brichta, que ganhou o que talvez seja o melhor papel de sua carreira, após a desistência de Wagner Moura. Apesar da rica trajetória do ex-ator de pornochanchadas, Augusto Mendes (nome fictício de Arlindo no longa), o sucesso acaba por esconder vícios, perdas e uma quase tragédia.

De pai exemplar, que procura ser presente na vida do filho a um pai que perde os momentos mais importantes para a criança, que por sinal, é a única que não gosta do palhaço, uma vez que acaba perdendo o pai para aquele mundo. Augusto tenta continuar presente na vida do filho, mas não consegue, porque nas horas vagas tem farra com mulheres, whisky e cocaína.

A produtora do programa, Lucia (Leandra Leal), apesar de não concordar com o comportamento de Bingo, o ajuda em diversos momentos. Ela frequenta a igreja e se torna uma aposta entre Augusto e o câmera do programa. No entanto, a personagem que poderia cair na tentação, segue firme no que acredita, o que fica fantástico na produção, já que a tendência de alguns personagens é cair no clichê que o público espera.

A relação de Augusto com a mãe também é um ótimo ponto no filme. Enquanto ele tem uma carreira crescendo, ela, que um dia esteve no auge, se vê esquecida, fazendo participação como jurada em programas e outras atrizes mais novas a substituindo em novos papéis. A tristeza de sua mãe, somada ao fato de não poder se revelar, o que o torna famoso e ao mesmo tempo irreconhecível, vai afundando Augusto cada vez mais em seus vícios, colocando seu emprego e vida em risco. O lado positivo da fama, que é ter um trabalho que diverte e o lado negativo, que é não ter o reconhecimento que lhe é de direito.

Com a belíssima estreia de Daniel Rezende na direção, editor de filmes como “Cidade de Deus” (que lhe rendeu indicação ao Oscar), “Diários de Motocicleta” e “Tropa de Elite”, “Bingo: O Rei das Manhãs” tem uma montagem digna do seu personagem principal. O que poderia se tornar apenas mais uma cinebiografia, se destaca por ter as emoções do personagem principal vividas de modo verdadeiro por Britcha em uma década em que tudo estava acontecendo de vez como novidade e como rotina, e um elenco afinado. A trilha musical é mais um saldo positivo do longa que, até então, pode ser considerado um dos melhores filmes do ano.

“Bingo: O Rei das Manhãs” tem as características dos anos 1980 e vai levar muita gente que viveu esse período a fazer uma viagem gostosa no tempo. A estreia é hoje, 24 de agosto e seria o primeiro filme que eu assistiria esse fim de semana. Muita pipoca, muito refrigerante e mnuita emoção!

Ponto extra para Emanuelle Araújo dando vida à musa Gretchen. Se saiu MUITO bem, mas como a própria rainha disse: quem dança a “Conga” de verdade é só ela!

Nota mil!

Extra: Reação de Gretchen ao ver Emanuelle dançar a "Conga". 

0 comentários: