Cartas na Rua


Cartas na Rua
Ler Bukowski é um prazer! Não somente porque ele é um gênio, que fala verdades com as quais me identifico, mas, porque sua escrita passa por diversos gêneros: tem comédia, tem drama, tem romance, tem erotismo e tem a realidade crua e nua. Não necessariamente nessa ordem.
Descobri Charles Bukowski na internet. Suas frases apareciam para mim, eu as copiava e colava; queria compartilhar aquilo. Como sempre, eu acho que se a coisa é boa, não posso guardar somente para mim; é mais ou menos assim que penso: meu Deus, o mundo também precisa conhecer isso! E Bukowski tornou-se um caminho pronto, para expressar tantas coisas que eu acredito, sinto e não sei como passar para frente.
A internet trouxe isso de positivo, especialmente à minha vida: conhecer autores que passavam despercebidos, porque seguiam uma linha diferente do que eu estava acostumada a ler. A internet me fez sair da zona de conforto literária e ir buscar os autores de frases fenomenais, as quais me apaixonei sem saber ao certo de quem eram.
Conhecer Bukowski sempre será um motivo de gratidão, para mim. Pena que ele mesmo já não esteja mais aqui, para eu ir atrás e perturbá-lo, até conseguir 1% do seu dom de transformar a vida em palavras certas, já que a vida é do jeito que é mesmo.
Em “Cartas na Rua”, Henry Chinaski (alter ego de Buk) candidata-se à uma vaga, para trabalhar temporariamente nos Correios, e consegue. No entanto, esse emprego temporário dura anos; e, para a felicidade dos fãs do autor, rendeu histórias fantásticas. Imagine um homem falar sobre os cornos que levou, sobre como é se sentir fracassado na vida, sobre o amor… mas o amor real e não aquele ilustrado em filmes de romance com capas rosas e um cenário colorido… Aqui é tudo preto e branco, o cenário é simples e a dor é palpável.
“Tudo começou como um erro.” Essa é a primeira frase do livro. Dá para imaginar que não vem nada cordial pela frente. O que vem é a insatisfação do protagonista com o emprego, a vida… seu vício com a bebida e mulheres e uma escrita que parece um desabafo. O personagem principal, que nada tem para cativar o público, acaba por se tornar um ídolo com sua sinceridade devastadora. É apaixonante sentar-se para ler e deparar-se com Henry Chinaski, aquele cara que a sociedade rejeitaria, que as pessoas se juntariam para falar mal, em reuniões medíocres, entre a família e amigos, mas que ele não daria mínima.
Sem papas na língua, com muito palavrão, fumaça, sexo e dinheiro, o primeiro romance do nosso Velho Safado é um livro que abre caminhos, para que você ame ou odeie Buk. Não há meio termo; doa a quem doer!
Recomendo para quem precisa de doses de realidade; recomendo para quem aguenta o tranco; recomendo para quem não tem medo da vida; recomendo para quem tem perguntas, mesmo sabendo que jamais haverá respostas; recomendo para quem não tem medo da verdade.
A vida é um barco naufragando e, já que não tem escapatória, vamos aproveitar com whisky, cigarro e livro de Bukowski, para aprendermos a ironia que ela nos apresenta e, assim, rirmos de nós mesmos.
Sem dúvidas, um dos melhores livros que já li em toda minha vida.
Livro: Cartas na Rua
Autor: Charles Bukowski
Ano: Edição de setembro de 2011.
Editora: L&PM
Valor/média: R$ 20,00
Onde encontrar: Livrarias físicas e online.
Formato: Impresso ou digital.
Quem quiser ler um trecho, a editora disponibiliza em sua página.
Publicado originalmente: http://femininoealem.com.br/24854/cartas-na-rua/

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